segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Adaptação .

 Tudo estava indo bem - do meu jeito, mas estava - aos poucos eu estava juntando todos os caquinhos que foram perdidos ao longo do meu caminho, eu estava conseguinho voltar a sorrir. Isso. Aquela velha marca registrada que os meus amigos tanto me cobravam! E que você não fazia questão alguma. Voltei a ver perfeição nos arco-íris que perderam a graça. Coloquei na cabeça: 'um band-aid no coração, um sorriso nos lábios, e tudo bem..' Quem dera fosse [...] Até que... você me liga. Como faz há uns dois ou três anos. Mais um sábado que a minha paz vai embora, e, por uma maldita ligação. E não me pergunte porque eu atendo, porque eu também não sei responder... É aquele botãozinho verde, só pode! Tem alguma espécie de imã, sempre suspeitei. Você vem com aquela voz de menino bom e comportado, com aquele ar de quem não quer compromisso: nada além de dar uma volta na praia ou ir ao cinema com uma velha amiga. Sem aquelas segundas intenções que já ficaram fora de moda - você sabe que eu conheço! as terceiras, as quartas, pra falar a verdade eu conheço todas as intenções ao meu respeito, e eu juro que eu gostaria muito de me importar - Quer alguém para rir de suas piadas, escutar com atenção como foi seus últimos dias, desabafar os problemas casuais e ainda aproveita pra me mostrar que ainda sobrevive - e muito bem - sem a minha presença. Aí, a gente, por irônia do destino ou por muita paciência da minha parte, acaba pulando o cineminha que nunca existiu e indo direto ao ponto. O mesmo de uns dois ou três anos, que como suas piadas e assuntos de índio, não me cansam nem enjoam. Aí acontece comigo um dos fenômenos que jamais encontrarão explicações suficientes! Por mais que você não ligue, que não preste nem sequer um pouquinho, mesmo que você não se importe comigo e volte pra dentro da sua bolha egocêntrica onde tudo o que existe é seu, eu sempre me apaixono por você. E isso me faz sentir dores em lugares que eu nem sabia que existia no meu corpo. E não importa quantos cortes de cabelo, nem quantas academias eu frequente, ou quantas garrafas eu tome com as amigas, eu continuo indo dormir me achando a menor das criaturas. E depois de tudo, ainda que essa situação tenha descascado as paredes do meu coração por tanto tempo, eu caio na real e começo a juntar todos os meus caquinhos, que nem eu faço a uns dois ou três anos. Mas você vai me ligar novamente. E eu vou topar todos os cinemas aos quais você me convidar. Mesmo sabendo que vou perder meus sábados e a graça do arco-íris vai sumir. Mesmo sabendo que a minha marca registrada vai desaparecer com o tempo. Eu vou aceitar. E não me pergunte o porque, eu também não sei. Mas uma vez escutei algo que talvez resuma tudo: 'O amor e a razão são eternos inimigos.'

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